quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Qual é a função do artista?

por Lucas Lacerda


Essa foi a questão que o aluno Gildásio levantou durante sua fala, na Mesa de Comunicação, parte das atividades do segundo dia da III Semana Acadêmica de Belas Artes. O estudante apresentou o tema “A simbologia e a função artística da Cerâmica Marajoara”.

As atividades, iniciadas ontem (27) às 10h no auditório Hilton Salles, abordaram aspectos da arte ligados ao resgate da cultura nativa do Brasil, às técnicas e preocupações da conservação de obras e à concepção e desenvolvimento de metodologias de ensino da arte na educação básica.

Cerâmica Marajoara: a necessidade de mais estudos 
Sobre a arte da cerâmica Marajoara, Gildásio demonstrou a complexidade e os requintes presentes em alguns artigos, demonstrados em projeção. Segundo o graduando, os grafismos na cerâmica simbolizam a hierarquia presente nas sociedades, marcas de clãs ou assuntos sagrados, como mitos de criação.
Ao fim de sua fala, o estudante de Belas Artes advertiu, respondendo também ao questionamento feito no início do evento:

- Mais pessoas precisam se debruçar sobre os estudos que tratam das artes indígenas brasileiras. A função do artista é construir e perpetuar as histórias das culturas, que estão sendo esquecidas. Eles anseiam por contar, nós é que não estamos sabendo buscar. Quero ser reconhecido historicamente como alguémque ousou estudar os recortes pouco ou nada estudados – disse, após mencionar um achado arqueológico contendo escrita cuneiforme em Sete Cidades, no Piauí. Gildásio criticou a ausência de estudos sobre o caso, tão importante quanto as artes européias, predominantes no ensino superior.

Em seguida, Jéssica Gomes, do 7º período, discorreu sobre os diversos agentes que podem deteriorar uma obra de arte, sendo físicos, químicos, biológicos e da própria ação humana. Jéssica, que faz parte da equipe do Centro de Memória da UFRRJ, também orientou sobre as melhores maneiras de conservar objetos. A conservação preventiva diz respeito ao armazenamento e às condições de transporte, por exemplo. Já a maneira curativa consiste em inserir agentes químicos numa escultura de madeira, por exemplo, para impedir ação de microorganismos.

Por fim, a discente falou sobre a restauração de uma obra, processo de ação direta, que deve ser feito com muita precisão, para não haver alteração do trabalho original do artista:

 - Assim como os materiais que a gente usa. É importante usar luvas, já que a mão é um grande transmissor de gordura, observar a composição química, a quantidade de pigmento. – afirmou a estudante, que mencionou o caso da pintura “Ecce Homo”, de Elias García Martinez, artista do século XIX, que acabou danificada após tentativa de restauração por uma idosa.

Arte-Educação

Ludmila Duarte e as novas abordagens para as Artes
Ludmila Duarte, bolsista do PIBID, apresentou uma vontade de reformular o modelo de ensino de Artes, e possíveis caminhos para esse propósito. A aluna relatou para os presentes a experiência de trabalhar com literatura de cordel e xilogravuras, símbolos de cultura popular muito bem recebidas pelos alunos. Fabiano Lage, do 4º período e iniciante no PIBID, endossou a fala de Luana:

 - A idéia é pegar uma cultura brasileira de anos atrás e trazer para a realidade deles – afirmou Fabiano, que pretende levar o trabalho para além de técnicas de animação. – Quero fazer algo específico, como técnicas de roteiro, que possa ser exibido aqui e fora.

Por fim, outro grupo de alunos do PIBID Belas Artes mostrou as etapas de produção e exibiu os resultados de oficinas realizadas com alunos do CAIC, sob o tema “Arte na Educação Básica: a Animação como Ferramenta Didática”. Os alunos da educação básica foram orientados pelos bolsistas, e conheceram todo o processo de criação de uma animação. Desde roteiro e storyboard, até a sonoplastia.

“São dois meses para um vídeo de dois minutos, dá muito trabalho.” – reconheceu Fernanda Attianezi,bolsista do PIBID e aluna do 9º período. Para uma das produções, foi utilizado o MUAN, um software desenvolvido pelo Anima Mundi para fins educacionais. Os alunos avaliaram positivamente as oficinas, já que sempre havia alunos interessados e muito dispostos a participar.

A III SABA segue até sexta-feira. Confira a programação atualizada no Blog do Diretório.

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